Profissionais avaliam impacto do aumento dos preços na construção civil
Dados do Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que os preços da construção subiram 1,21% em abril, alta de 0,22 ponto percentual em relação a março (0,99%). É a maior taxa desde agosto do ano passado. Em Ipatinga, o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon) Delegacia Vale do Aço, Kléber Muratori e o construtor Ricardo Ribeiro avaliam o impacto desse aumento, mas salientam que o mercado está aquecido.
A alta foi influenciada pelos preços dos materiais, que vinham apresentando taxa abaixo de 1% e voltaram a registrar alto índice, 1,86%, sendo a maior variação desde agosto de 2021. Kléber explica que o aumento impacta no custo de materiais e principalmente do frete, em virtude dos aumentos dos preços de combustíveis. No caso do cliente, o impacto será sentido de imediato, se estiver fornecendo os materiais para a obra. “Já no caso de compra de apartamento em construção, sentirá no momento do reajuste anual”, frisa.
Ricardo acrescenta que o impacto na construção é grande – com o aumento dos preços -, mas a cultura brasileira não impede que as pessoas deixem de construir por causa disso. “E o que é pior, muitas vezes o construtor e a empresa compram até mais, com receio de ter maior aumento. Vivemos isso com o aumento do aço, que foi exponencial e as empresas foram comprando mais e mais”, recorda.
No caso de quem fechou algum contrato com preço definido, o construtor entende que esse profissional pagará para trabalhar, desistirá do serviço ou tentará negociação com quem contratou para mostrar essa condição. “Porque amargar esse tipo de prejuízo é complicado e muitas empresas não aguentam. Outras, que são maiores, podem até arcar e tentar ganhar lá na frente”, opina.
Mercado
O mercado da construção e reformas está aquecido no Vale do Aço, segundo o presidente Kléber Muratori. “Estamos vivendo o melhor momento em termos de novos empreendimentos sendo lançados, oferecendo ótimas oportunidades para compra de imóveis. Os auxílios emergências do governo ajudaram, principalmente para as reformas e construções de baixo custo. Temos vivido tempos bons, mas de muita dificuldade também, em virtude da escassez da mão de obra qualificada na nossa região”, aponta.
Para quem quer construir ou reformar, a dica de Kléber é planejamento. “Para que a obra seja executada dentro do orçamento; pesquisar muito para negociar a melhor condição de preço e conduções de pagamento, de modo a evitar o endividamento além da sua capacidade financeira”, alerta o presidente.
Por sua vez, Ricardo revela que, por incrível que pareça, o mercado está pleno, aquecido. “Tenho até dificuldade de entender o porquê, não sei se com o fim da pandemia todo mundo resolveu fazer alguma obra, acredito que sim. As pessoas podem ter economizado verbas e agora estão fazendo e as próprios empresas estão atacando de forma a aproveitar o momento, porque entendem que o crescimento é inevitável. Chegamos ao fundo e estamos voltando ao ter uma melhora de condição”, classifica.
Mão de obra
Se o mercado está propício para reformas e obras em geral, Ricardo aponta uma curiosidade: “As verbas liberadas pelo governo [para habitação popular] foram boas para aquecer o mercado, entretanto, estão trazendo transtorno em termos de mão de obra. O cara não quer trabalhar, porque se procurar emprego, perde o emergencial e acaba abrindo mão do dinheiro da assistência”, conclui.