Setor da construção civil está apreensivo com os rumos dos negócios
Por injetarem recursos e gerarem empregos, rapidamente, para mão de obra sem qualificação, têm potencial de absorver parte dos desempregados e fazer a roda do consumo girar
Os setores de construção civil e do mercado imobiliário apostam que serão fundamentais para a retomada da economia no pós-pandemia. Por injetarem recursos e gerarem empregos, rapidamente, para mão de obra sem qualificação, têm potencial de absorver parte dos desempregados e fazer a roda do consumo girar. Contudo, temem que os projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional, de proteção aos inadimplentes, tirem a capacidade de investimento no setor.
José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), diz que a Caixa fez as contas e viu que podia dar uma carência para pagamento. “Não concordamos com os projetos que estão no Congresso, porque não fazem essas contas. Não levam em consideração a perda de capacidade de investimento”, sustenta.
Como a maior parte do crédito imobiliário do Minha Casa Minha Vida (MCMV) é financiado pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a permissão de saques extras, nos últimos anos, está “sangrando o fundo”, alerta Martins. “Não vai ter dinheiro para tocar as obras. Não é assim, tem que fazer conta”, reitera. Ele lembra que muitos beneficiários do MCMV são funcionários públicos, uma vez que há faixas para rendas de R$ 4 mil e R$ 9 mil.
O presidente Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (Ademi), Eduardo Aroeira, afirma que as liberações de recursos estão estáveis há anos. “O orçamento anual não muda, ou seja, a população cresce, o deficit habitacional aumenta, e não se consegue elevar a habitação de interesse social”, diz. Alguns estados, como Goiás, já consumiram o orçamento do FGTS do MCMV e não conseguem mais financiar projetos. “No Distrito Federal, não falta. Mas, como é uma obrigação legal, é feita uma redistribuição quando isso ocorre”, explica.
A falta de recursos desaquece o setor, acrescenta Aroeira. “Com pouco dinheiro, há menos geração de riqueza e de emprego. A crise é capaz de sensibilizar o governo da importância do setor da construção civil para a retomada da economia”, completa.