Siderúrgicas rebatem reclamações da construção civil que embasaram ideia de reduzir tarifa de importação do vergalhão
Paulo Guedes se mostrou surpreso e questionou sua equipe se tinha as informações
Na reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes, os representantes do setor siderúrgico rebateram as reclamações do setor de construção civil, que levaram o governo a pensar em reduzir a tarifa de importação do vergalhão de aço.
Diante da queixa de que o setor de construção estaria enfrentando grandes dificuldades e desempregando, o segmento siderúrgico informou a Guedes que emprega diretamente 110.000 pessoas e, indiretamente, 3 milhões, informou o presidente do Conselho Diretor do Aço Brasil, Marcos Faraco.
Além disso, as empresas estão investindo R$ 12 bilhões este ano, com compromissos de mais R$ 41 bilhões nos próximos anos.
Em abril, havia mais de 9 mil canteiros de obra formais ativos no país, acrescentou. Em janeiro de 2020, eram menos de 5 mil. “O crescimento mês a mês tem sido cada vez mais consistente”, disse. “O setor de construção civil não passa por pesadelo.”
Faraco informou ainda que não há problemas de abastecimento no Brasil desde junho de 2021, a ponto de as empresas brasileiras terem voltado a exportar no terceiro trimestre de 2021. Em 2020, houve desarranjo das cadeias, lembrou.
“O Brasil tem hoje o vergalhão em dólar mais barato do mundo”, afirmou. Na Europa, o produto apresentou alta de 129% nos últimos 12 meses; nos Estados Unidos, de 78% e, no Brasil, de 45%. O único mercado onde a alta foi menor do que a do Brasil é a Rússia, disse.
“O vergalhão brasileiro é competitivo e o mais barato do mundo”, frisou. “Não faz sentido a discussão que está sendo trazida para o imposto de importação, uma vez que é inócua.”
Segundo Faraco, a redução da tarifa de importação atenderia apenas “a interesses específicos de um setor importador que quer se beneficiar de desvio de comércio internacional para aumentar suas margens de negócios.”
Os empresários apresentaram a Guedes um estudo pelo qual o aço representa de 3% a 5% do custo da construção civil e o impacto do vergalhão foi de 0,03% nos últimos 12 meses. No período, o Índice Nacional da Construção Civil (INCC) foi de 11,52%.
Segundo Faraco, o ministro se mostrou surpreso e questionou sua equipe se tinha essas informações. Ao final, fez um pronunciamento reconhecendo a transparência do setor e pedindo à sua equipe que, com base nos dados, reavaliasse as discussões que estavam acontecendo e, na tarde de hoje, voltassem a deliberar sobre o tema.