Valorização do custo da construção no CE sinaliza retomada a setores
Tanto construtoras como lojas de materiais de construção observam que os estímulos dados pela reabertura das atividades econômicas estão sendo correspondidos no Estado. Custo da construção acumula alta de 2,35% no ano
O custo da construção civil por metro quadrado no Ceará apresentou valorização em julho deste ano, chegando a R$ 1.091,25. Na comparação com junho (R$ 1.089,28), a variação é de 0,18%. No ano, porém, a alta é de 2,35%. Em janeiro de 2020, o custo do setor havia sido calculado em R$ 1.082,07.
O presidente do Sindicato das Construtoras do Ceará (Sinduscon-CE), Patriolino Dias, avalia que a variação de 0,18% ainda é uma alta pequena para indicar uma retomada do setor, mas pontua que o mercado imobiliário apresenta bons resultados. Já o varejo e o atacado de material de construção respiram aliviados com alta de até 25% nas vendas observada na reabertura.
“Está havendo uma redução nos estoques de imóveis, principalmente em Fortaleza e Região Metropolitana, porque a Selic (taxa básica de juros) está baixa. Com isso, os investidores deixaram de ganhar dinheiro com renda fixa e algumas pessoas perderam dinheiro aplicando na bolsa”, diz, acrescentando que isso fez com que a busca por imóveis acaba se intensificando.
Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas), Cid Alves, o varejo e também o atacado de material de construção estão superaquecidos na retomada. Para ele, uma das explicações para o crescimento nas vendas é o fato de que as pessoas passaram mais tempo em casa e, com isso, decidiram apostar mais na qualidade de vida dentro do lar, fazendo reformas.
Diante desse momento positivo para o varejo de material de construção, a Normatel inaugurou uma nova loja no Cambeba. A decisão do novo empreendimento estava tomada desde 2019, de acordo com o diretor comercial, Junior Mello, mas ele frisa que, de fato, a empresa vivencia um crescimento de cerca de 25% nas vendas ante igual período de 2019. A abertura da unidade ocorreria em abril deste ano, mas precisou ser adiada por causa da pandemia.
“Nós temos uma expectativa muito boa para os próximos meses e anos. A Selic mais baixa faz com que o investidor vá para o físico, então ele investe nos imóveis e isso é algo muito positivo para nós”, detalha Junior Mello.
Ele também acredita que, além da taxa básica de juros em patamar histórico, a população também está com o olhar mais voltado para a própria residência, buscando qualidade de vida. “As pessoas não estavam saindo de casa, não estavam gastando com festas e em outras despesas, então elas estão redirecionando esse dinheiro para o bem-estar delas dentro de seus próprios lares, o que ajudou a aquecer bastante o nosso mercado”, destaca Mello.
“Nós passamos 70 dias fechados. Quando a gente reabriu, imaginávamos uma demanda reprimida, mas a procura continua muito forte”, detalha o diretor comercial. Ele acrescenta que a decisão de abrir a loja no Cambeba busca atender ao público da região sul da cidade. “É uma área que cresce bastante”.
Desabastecimento
Cid Alves pontua que o problema enfrentado pelo setor no momento é o desabastecimento de alguns produtos em decorrência da paralisação de indústrias e atividades. “Tivemos dificuldade no transporte de mercadorias”, diz. Junior Mello também pondera que, diante do forte crescimento nas vendas, a questão dos estoques merece atenção.