BIM: Oportunidade para inovar a indústria da construção e aumentar a transparência das compras públicas
A programação inclui palestra do PHD Bilal Succar, uma das autoridades mais reconhecidas nesse assunto no mundo. Também serão apresentados e debatidos alguns casos de sucesso de adoção BIM já realizados no Brasil.
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e o Senai Nacional, dando continuidade à sua estratégia conjunta e coordenada de promover e difundir o Building Information Modeling (BIM) no Brasil, unem seus esforços com o Comitê Estratégico de Implementação do BIM (CE-BIM), do governo federal, para a realização do evento “BIM: Oportunidade para inovar a indústria da construção e aumentar a transparência das compras públicas”. O encontro será em Brasília, no próximo dia 15 de março e, embora o evento seja fechado para a participação presencial de 100 convidados – entre representantes do governo, de órgãos de controle e empresas da construção civil – terá transmissão ao vivo pela página no Facebook da CBIC Brasil, a partir das 9 horas.
O evento foi planejado com mini-palestras para privilegiar as sessões de debates.
Serão abordados e debatidos três temas principais ligados à implantação desta inovação:
– Educação & Capacitação
– Implementação na indústria da construção
– Oportunidades do BIM em compras públicas.
O seminário trará da Austrália um dos maiores nomes mundiais dentre os especialistas em BIM: o consultor estratégico Bilal Succar. Contará também com a presença de grandes especialistas brasileiros no assunto e líderes da indústria da construção e do governo, que foram convidados para apresentar alguns casos de aplicação do BIM no país, que são relevantes tanto no setor público quanto no privado. Ao fim dos debates, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) falará sobre a iniciativa de desenvolvimento da estratégia nacional de exigibilidade do BIM no âmbito do Governo Federal, que está em andamento e que conta com a participação de representantes do governo, setor privado e academia.
“Esse é um evento que pretende destacar a importância que tem a parceria entre o poder público e o setor privado na implementação do BIM em toda a cadeia da construção. A promoção desse evento faz ainda mais sentido agora, após a experiência de um ano inteiro de realização do roadshow de disseminação do BIM, que passou por 14 cidades e atingiu cerca de 2.500 pessoas”, ressalta Dionyzio Klavdianos, presidente da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (Comat) da CBIC. Tanto roadshow quanto o evento são ações do projeto “Tendências e melhorias de gestão, tecnologia e inovação na construção” da CBIC que é correalizado com o Senai Nacional.
A partir das discussões do evento, será elaborado um documento relatando os principais pontos levantados. Esse conteúdo será entregue ao MDIC durante o 90º Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic), em Florianópolis/SC, como uma contribuição da CBIC para a formatação e determinação da política do governo. O painel sobre “Política Nacional de Disseminação do BIM” acontecerá no dia 18 de maio e, para participar, os interessados podem realizar suas inscrições pelo site oficial do Enic.
BIM COMO POLÍTICA DE ESTADO
Os esforços da CBIC são para disseminar o conhecimento sobre a inovação e democratizá-la no setor da construção civil. A entidade também apoia o governo federal no intuito de que o setor público passe a exigir o BIM, gradualmente, na contratação de suas obras, devido aos claros benefícios que a inovação traz a todas as partes interessadas. Mas, para que os resultados sejam alcançados em longo prazo, a exigência do BIM, que nasce agora como uma iniciativa do atual governo, deve se tornar uma política de Estado. “É preciso que alguma entidade supragovernamental assuma o papel de realizar o convencimento interno para que os próximos governos entendam a importância do BIM e deem continuidade às ações e esforços para sua disseminação”, comenta Wilton Catelani, consultor da CBIC para o tema.
O Brasil tem como referência a implantação do BIM no Reino Unido – “um dos casos de sucesso mais reconhecidos no mundo”, segundo Catelani – e a estratégia utilizada será a de “puxar e empurrar”. O consultor explica: “Puxar é o governo usar seu poder de compra para induzir o mercado a mudar. Por sua vez, empurrar é remover as barreiras ao uso desses processos cuidando dos detalhes para que seja possível que a indústria consiga realmente adotar o BIM”. Também a exemplo do Reino Unido, provavelmente serão definidos quatro níveis de maturidade BIM – de 0 a 3. “Faz sentido até para que os envolvidos consigam entender a evolução que será necessária, e identificar o estágio em que estão atualmente e o que precisarão fazer para se capacitarem e mudarem para um estágio mais maduro e caracterizado por usos BIM mais complexos”, comenta.
O governo mostra-se formalmente comprometido com essa empreitada. Por decreto presidencial foi criado o Comitê Estratégico de Implementação do BIM (CE-BIM) que, por sua vez, estabeleceu cinco grupos de trabalho: Regulamentação e normalização, infraestrutura tecnológica, plataforma BIM, compras governamentais e capacitação de pessoas – estes dois últimos, foram escolhidos como temas do evento da CBIC. Catelani informa ainda que “foi decidida a criação de um sexto grupo de trabalho que responderá pela comunicação. Os grupos já estão trabalhando desde novembro de 2017 e o andamento está contido na apresentação que será realizada pelo MDIC no evento, dia 15 de março.
ESPECIALISTAS E CASES DE SUCESSO
O primeiro painel do seminário da CBIC, com foco em “Educação & Capacitação”, terá como palestrante Bilal Succar, uma das principais autoridades em processos de avaliação da capacitação e maturidade BIM, tendo realizado consultorias para empresas, pessoas, governos e países. “Ele foi pioneiro no mundo em propor uma escala de níveis de capacitação BIM e uma metodologia para avaliar os atuais níveis de capacitação e maturidade em BIM de pessoas, organizações e até países. O próprio diagnóstico faz com que seja possível antever os próximos passos necessários para realização de casos de usos BIM mais avançados e mais complexos” destaca Catelani. Além de sua estrutura teórica, Succar tem o conhecimento prático dos resultados obtidos na implantação do BIM por nações que vivem ou viveram o mesmo atual momento do Brasil. “Succar trará experiências importantes e reconhecidas de implantação do BIM enquanto política pública em alguns países”, enfatiza Klavdianos.
Completando o primeiro painel, o Exército brasileiro contará como conseguiu, de maneira notável, disseminar a cultura BIM internamente em um curto período de tempo. Para o debate, se juntará ao grupo a TI Lab, uma empresa que há 18 anos oferece cursos de capacitação em tecnologias aplicadas na indústria da construção civil, incluindo BIM, e utilizando como metodologia, além das tradicionais, também o “ensino à distância (EaD) ao vivo”. Do ponto de vista da educação, para o consultor da CBIC, o ideal seria mudar a maneira como se ensina Arquitetura e Engenharia no Brasil: “Os estudantes deveriam simular na universidade a maneira colaborativa de trabalhar em projetos multidisciplinares, utilizando os processos BIM. Sabe-se, entretanto, que essa mudança nos atuais modelos de ensino será algo difícil de realizar no curto prazo. Existem amarras e barreiras reais para mudar as grades curriculares, capacitar professores e oferecer novas disciplinas nas Universidades. No cenário atual, é preciso ser pragmático quanto à capacitação BIM, assumindo que ela precisará continuar a ser feita aqui no Brasil como já tem sido realizada, ou seja, com cursos complementares e EaD”.
“Implementação na indústria da construção” é o tema do segundo painel do evento. Como palestrantes estão a Itaúba Incorporações e Construções, uma pequena empresa do setor (como parte dos associados CBIC) que apresentará um caso de infraestrutura – a modelação de uma ponte com BIM; e a Sinco Engenharia, que utiliza o BIM na fase de construção em suas obras.
Com o terceiro e último painel, “Oportunidade do BIM em compras públicas”, a CBIC reuniu casos reais de implantação BIM já realizados em órgãos governamentais, para lançar luz e melhor entender as principais dificuldades enfrentadas e lições já aprendidas durante as mudanças organizacionais que são inexoráveis para a adoção do BIM. Serão apresentadas ainda diferentes estratégias para exemplificar que há opções de caminhos para a implantação do BIM, cada uma com suas correspondentes vantagens e desvantagens. Os casos ligados ao governo que comporão esse painel serão: o Metrô SP, como uma das organizações públicas mais avançadas e formalizadas em relação ao BIM; e o Governo de Santa Catarina, como o estado brasileiro que foi o pioneiro na adoção e exigência do BIM e também o que mais significativamente já avançou nessa questão. Para o debate, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) falará de sua experiência de aculturação do BIM, enquanto a Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) comentará como desenvolveu e disponibilizou suas bibliotecas de objetos BIM.
Fonte: CBIC