Conheça as fases para compor um orçamento de obras bem-sucedido

O orçamento de obras é um documento, obtido através da orçamentação, que visa determinar os gastos para a execução de uma obra. Ele engloba os custos desde a concepção da edificação até o momento em que a construção é totalmente finalizada.

A orçamentação é uma parte primordial de qualquer construção, já que é o instrumento para obtenção e fixação do preço-base. O valor final do custo e do lucro consta no orçamento de obras e vai definir a viabilidade para a realização de uma obra. Sem a estimativa mais precisa possível, é provável que, no decorrer da construção, falte dinheiro para concluir os serviços planejados e ocorra um atraso na execução.

Para um bom orçamento, é preciso dispor de um grande número de dados e um conhecimento detalhado acerca dos métodos construtivos a serem empregados. Não é possível fazer um cálculo confiável se parte dos insumos ainda não estiver com suas especificações definidas e minimamente especificadas.

Diferentes construtoras podem chegar a custos distintos para um mesmo projeto, não somente pela diferença nos materiais utilizados, mas também pela diversidade de técnicas construtivas e preço da mão de obra.

Logo, o orçamento de obras também é imprescindível para a concorrência entre as empresas. Pois os clientes geralmente escolhem as construtoras que apresentam um orçamento com o menor custo. Assim, um orçamento elaborado corretamente garante que as empresas e os clientes não saiam no prejuízo.

Mas, antes de falar sobre o orçamento de obras e seu passo a passo, vamos apresentar as três fases principais que correspondem à elaboração e à definição do investimento em uma construção.

Elaboração e definição do investimento em uma obra

Análise

Nessa etapa, a quantidade de profissionais envolvidos vai depender do tamanho e da complexidade do empreendimento, mas é preciso sempre contar com um engenheiro e um arquiteto.

É preciso avaliar a viabilidade da obra a ser realizada, levando em consideração o que será construído, para quem e por quê. Além disso, é necessário analisar se o custo aplicado ao investimento vai gerar o lucro desejado, mantendo um orçamento condizente com a realidade.

Também é fundamental saber se o projeto está de acordo com as leis vigentes no local da obra. Se houver inadequações, isso vai gerar mais tempo e mais custos no orçamento.

Documentação

Como o próprio nome sugere, é a etapa para estudar toda a documentação necessária e também os possíveis custos para a aprovação delas.

Ter uma lista com tudo o que for preciso e os devidos responsáveis pode ajudar muito, inclusive para prever quando os papéis serão necessários e prepará-los com antecedência, evitando atrasos no cronograma da obra.

Tomada de decisões

Nesse momento, determina-se o potencial do empreendimento. É preciso calcular o tempo médio que a obra vai levar e os possíveis atrasos e com isso fazer uma previsão do mercado imobiliário para quando a obra for concluída.

Essa avaliação é crucial, pois talvez os lucros que a edificação geraria no mercado imobiliário atual podem ser diferentes se, quando ela estiver concluída, o mercado estiver em baixa ou em alta.

Como uma obra pode durar meses ou até anos, algumas estimativas de custo nem sempre serão acertadas, já que alguns valores de insumos e serviços podem variar com o tempo. Portanto, é preciso prever da maneira mais precisa possível tudo que pode acontecer no decorrer da construção.

Ao final dessas etapas, o investimento disponível, a estimativa de lucro e o tempo médio para realização da obra precisam estar definidos para que a elaboração do orçamento da obra possa começar.

As principais fases de um orçamento de obras bem-sucedido

Já apresentamos um panorama geral de como lidar com a definição do investimento, mas como, na prática, realizar um orçamento de obras? Aqui falaremos sobre as principais etapas desse processo.

1. Estudo das variáveis

Basicamente, essa etapa é um levantamento de todas as informações disponíveis sobre a construção de tudo que possa gerar custos. Isso engloba desde os profissionais responsáveis pelo projeto e pela execução, os materiais, os documentos, entre outros.

Após obtidos esses dados, é necessário que se faça uma organização deles para agilizar os processos posteriores.

A organização das informações pode ser feita de diversas maneiras, a mais comum é por meio de planilhas, tabelas e memoriais descritivos. Mas, quanto mais específica for a descrição de cada etapa construtiva, melhor será a precisão dos custos e menor a probabilidade de esquecer alguma variável geradora de gastos.

Por exemplo, se a obra vai possuir diversos pavimentos, pode-se fazer uma divisão das etapas construtivas, da mão de obra e dos materiais por cada pavimento a ser construído.

Pode-se ainda fazer uma divisão dentro das etapas em um pavimento, especificando a etapa estrutural, hidráulica, elétrica, de vedação, entre outras.

É importante que haja a especificação e organização, pois essa etapa definirá o caminho que a composição de custos vai seguir. Além disso, há um aumento na clareza do orçamento, para que ele possa ser entendido, inclusive, por algum cliente leigo no assunto.

Essa etapa precisa acontecer em conjunto com os profissionais responsáveis pelo planejamento da obra e com o grupo que a executará, visto que o que estiver no orçamento de obras deve ser compatível com a posterior execução. Aqui, é possível perceber a relevância de manter a sinergia entre os dois setores, fazendo com que todos os envolvidos saibam as etapas da construção.

2. Composição de custos

Existem diversos custos que compõem uma obra, alguns são diretos e outros indiretos.

Os diretos são aqueles associados aos serviços no canteiro de obras. Ou seja, o custo com a mão de obra e os materiais. Os custos com materiais podem ser unitários (ex: kg de armação, m³ de concreto) ou podem ser dados em forma de verba quando não tiverem uma unidade mensurável.

Já as despesas indiretas são aquelas necessárias para que as atividades no campo sejam realizadas, embora não estejam diretamente relacionadas a elas. São exemplos dessas despesas: o gasto com funcionários nos serviços administrativos e com elementos como materiais de escritório, taxas, seguros e outros.

Com os serviços listados e suas unidades especificadas, o engenheiro deve calcular os quantitativos de tudo que será necessário para a construção. Esta costuma ser uma das fases mais trabalhosas da elaboração de um orçamento, já que requer um cuidado especial. Afinal, um erro nesses cálculos pode causar alterações absurdas no final do orçamento de obras.

O quantitativo de materiais deve ser feito de acordo com as especificações técnicas, os projetos e o memorial descritivo. Em caso de anteprojetos ou projetos que ainda serão modificados mesmo que minimamente, os resultados não serão muito próximos da realidade. Portanto, quanto mais desenvolvidas e definitivas forem as informações, melhor será o orçamento de obras.

No cálculo dos quantitativos são levados em consideração aspectos além dos materiais de construção necessários. É preciso calcular a produtividade dos funcionários e com isso definir a quantidade de horas para a realização dos serviços. Há também o cálculo do material desperdiçado, dos rejeitos, entre outros.

Em seguida, devem ser coletados os preços de mercado para os insumos e mão de obra (tanto os de custos indiretos como os diretos). Por exemplo, após o engenheiro definir no quantitativo quantos m² de alvenaria serão executados, agora, será determinado o valor de tudo que é necessário para a execução, chegando a uma despesa total para o serviço.

Portanto, isso engloba os materiais de construção, os insumos e também o percentual de encargos para a mão de obra.

Os preços dos insumos que serão levados em consideração devem ser os mais atuais possíveis. Mas também deve-se levar em conta que no decorrer da construção esses preços podem mudar.

Portanto, se um insumo costuma variar muito de preço, ou há uma previsão econômica negativa para quando a obra estiver sendo realizada, é preciso haver uma margem de erro que compense essas mudanças.

3. Fechamento do orçamento de obras

Com o orçamento praticamente finalizado, o construtor deve estipular a lucratividade que se deseja obter, levando em consideração aspectos como riscos, concorrência e o mercado imobiliário.

Além disso, sobre o custo direto, é preciso calcular um fator que representa o gasto indireto, o lucro e os impostos incidentes, utilizando um fator de majoração chamado de BDI (Benefícios e Despesas Indiretas). De maneira simples, o BDI é o percentual que deve ser aplicado sobre o custo direto encontrado no orçamento para se chegar ao preço final de venda.

No fechamento do orçamento de obras, é possível trabalhar com algumas ferramentas importantes, como as curvas ABC de Insumos e de Serviços.

No fim, costuma-se apresentar ao cliente uma planilha contendo todos os quantitativos e custos, já incluindo o lucro desejado na construção. Pode-se também apresentar um cronograma detalhando o tempo de cada etapa da execução e os custos que as etapas representam.

Assim, podemos perceber que o orçamento de obras é uma parte complexa mas indispensável na construção civil. Apesar de ter quase sempre a mesma estrutura, cada construção é completamente diferente e demanda uma orçamentação distinta.

Hoje existem várias tecnologias que auxiliam na hora de orçamentar uma obra, o que facilita a vida dos profissionais e melhora a precisão. Mas ainda assim é preciso que esses profissionais orçamentistas se mantenham sempre atualizados e entendam cada etapa do processo, evitando erros no orçamento de obras.

Fonte: mobussconstrucao