Construção civil desacelera em Ribeirão Preto, mas economista prevê recuperação em 2020

O ritmo lento da construção civil em Ribeirão Preto (SP) leva a uma consequência grave: o desemprego. Entre janeiro e novembro do ano passado, o setor fechou 94 postos de trabalho, enquanto no mesmo período de 2018 foram abertas 977 vagas, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Economia.

Apesar do cenário negativo, o economista Edgard Monforte Merlo, professor da Faculdade de Economia, Administração de Empresas e Contabilidade da USP (FEA-RP), diz que a expectativa é de recuperação em 2020. O único entrave é o “estoque” de imóveis.

“Quando você teve aquele crescimento no investimento de imóveis, no interior isso ocorreu de uma forma muito mais intensa. Na hora da retomada, o interior tem um estoque de imóveis ainda para serem vendidos, esperando para ser desovado”, explica.

Eletricista há 12 anos, Damião Cândido de Oliveira conta que está desempregado há três, mas tem esperança de se recolocar no mercado este ano. O principal entrave – para ele que é autônomo – é a falta de experiência comprovada em carteira de trabalho.

“Muitas vezes, a gente apela para outras áreas. Já trabalhei como servente de pedreiros várias vezes. Quando encontra dificuldade, a gente tem que apelar. Parado eu não posso ficar, tenho compromissos. Então, a gente vai no que aparecer”, diz.

Formado em engenharia civil há dois anos, Leonardo Germano afirma que também não consegue emprego no setor. Para conseguir pagar as contas, ele passou a trabalhar como operador de máquinas, mas acabou sendo demitido.

“A grande maioria dos meus colegas enfrenta o mesmo problema que eu: muitos chegam com a esperança de serem contratados, mas, pela falta de experiência e pelo cenário do país, não conseguem. Muitos enfrentam a mesma situação, está difícil”, relata.

Segundo o economista Edgard Monforte Merlo, um dos fatores que devem impulsionar a recuperação da construção civil é a redução da taxa de juros para o financiamento da casa própria, anunciada pela Caixa Econômica Federal, de 6,75% para 6,5%.

“Não podemos esquecer: a gente está vindo de uma recessão intensa, de um período em que ainda não se recuperou totalmente. A gente está com 10% de mão de obra desempregada, isso é uma coisa que impacta no setor.”

Merlo destaca que a redução da taxa de juros e o baixo rendimento dos fundos de renda fixa devem levar os brasileiros a investir em ativos reais, como imóveis, e ativos de risco, como ações na bolsa de valores.

“As pessoas só voltarão a investir em imóveis quando começarem a sentir mais segurança no emprego e na renda. Sem dúvida, a sinalização é positiva. Mas, vai demorar um pouco para reagir em função dos estoques de imóveis existentes”, finaliza.

Fonte: g1.globo