Contêineres carbono zero são alternativa para redução de emissões na construção civil

Depois de uma parceria com o Instituto Butantan, para quem entregou o primeiro laboratório carbono zero da América Latina, a Container Box quer chegar a mais construtoras e transformar seus processos

A urgência de uma estratégia de enfrentamento à crise climática tem levado as empresas a buscarem alternativas dentro da construção civil. O setor é responsável por 38% das emissões de gás carbônico, segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). A Container Box, que reaproveita estruturas de contêineres marítimos para colocar de pé seus projetos, quer colaborar para a solução, oferecendo às construtoras seus produtos sustentáveis.

“A indústria ainda tem um longo caminho a percorrer em sustentabilidade, mas percebemos que existe sim uma demanda maior, em relação a 2012, quando começamos. O cliente residencial, por exemplo, já tem aderência a uma casa em um contêiner. E as grandes construtoras precisam de alguém que ofereça soluções carbono zero que elas não conseguem executar”, afirma Adriana França, diretora e cofundadora da empresa.

Um dos projetos de maior visibilidade da Container foi inaugurado neste ano. O Instituto Butantan abriu em setembro o primeiro laboratório carbono zero da América Latina, encomendado e instalado em São Paulo. Segundo a Container Box, o processo de fabricação do Laboratório de Diagnóstico PCR reduziu em 90% as emissões de gases de efeito estufa (GEE), por meio de uma técnica construtiva de baixo impacto.

“Utilizando a arquitetura em container, a conclusão da edificação teve um resultado inédito, se comparado a uma obra de alvenaria tradicional”, observa Danilo Corbas, arquiteto e cofundador da empresa. Segundo o executivo, o projeto totalizou uma emissão de 222,09 t/CO2, que foi neutralizada pela empresa. O mesmo projeto em alvenaria, por exemplo, poderia ter uma pegada de mais de 2,200 t/CO2e, afirma.

Laboratório do Instituto Butantan foi inaugurado em setembro — Foto: Divulgação
Laboratório do Instituto Butantan foi inaugurado em setembro — Foto: Divulgação

O laboratório do Butantan tem 249 metros quadrados e dois andares. No piso térreo, construído em contêiner marítimo e estrutura de aço, há uma sala com nível de biossegurança 2 – NB-2, antecâmara, sala de extração, sala de cadastro, depósito, vestiário feminino e masculino, banheiros e sala de administração. No segundo piso, com 75 metros quadrados, há uma casa de máquinas climatizada.

Mais do que o baixo impacto ao meio ambiente, a arquitetura em contêiner também proporciona uma obra mais rápida, afirma a empresa. O laboratório demorou apenas 4 meses e meio para ser finalizado e entregue. “Uma obra em alvenaria nas mesmas proporções demora pelo menos o dobro do tempo para ser construída. No caso do laboratório, acredito que tenhamos feito em um terço do tempo”, estima Corbas.

Dar escala à sustentabilidade

A Container Box projeta uma nova planta industrial no interior de São Paulo , cuja construção deve começar no ano que vem. O objetivo é criar uma linha de produção automatizada, com uso de braços robóticos — semelhantes aos utilizados pela indústria automobilística — para dar escala aos projetos, hoje executados de forma artesanal.

Módulos residenciais, por exemplo, de 50 a 100 metros quadrados, passarão a ser produzidos em série no novo parque fabril, que terá 10 mil metros quadrados de área, acrescidos de um pátio de mesmo tamanho para armazenar as construções.

“Com investimento em tecnologia e robótica, nossa produtividade aumentar muito, além de garantirmos ainda mais rapidez na entrega de cada projeto”, observa Adriana. Os sócios da Container querem fortalecer o conceito de construção circular, base da operação da empresa. “Queremos transformar a indústria como um todo, trazendo novos processos para a construção civil e provando que é possível resolver o problema habitacional sem causar ainda mais estragos ao meio ambiente”, afirma Corbas.

Fonte: Época Negócios