O setor da construção civil em Fortaleza e Região Metropolitana iniciou 2025 com forte desempenho, conforme dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE) e da consultoria Brain. O crescimento foi puxado por imóveis verticais de padrão econômico na capital e loteamentos em cidades vizinhas.
Na capital cearense, o segmento residencial vertical econômico foi o principal destaque, com aumento de 54% no Valor Geral de Vendas (VGV) em comparação ao primeiro trimestre de 2024. Também houve crescimento de 24% no número de unidades vendidas, impulsionado por programas como Minha Casa, Minha Vida e Entrada Moradia.
“Os resultados mostram uma base sólida de confiança dos investidores e consumidores, com destaque para os loteamentos e os empreendimentos verticais de padrão acessível”, afirma Patriolino Dias de Sousa, presidente do Sinduscon-CE.
Loteamentos se destacam na Região Metropolitana
Fora de Fortaleza, os loteamentos lideraram as vendas. Na Região Metropolitana, a comercialização de terrenos subiu 89% em unidades e 130% em valor. Eusébio, Maracanaú e Caucaia foram os municípios com maior procura por moradias com mais espaço e infraestrutura.
Segundo Gisele Pereira, especialista em inteligência de mercado da Brain, a alta velocidade nas vendas tem pressionado os preços. “Hoje, 81% dos lotes lançados já foram vendidos. Em Fortaleza está em 20%. O ideal seria uma disponibilidade de até 35%. Isso mostra o apetite do consumidor e a atratividade dos produtos”, analisa.
Com essa procura intensa, os preços dos terrenos aumentaram, ultrapassando R$ 1.500 por metro quadrado em loteamentos fechados. Segundo Gisele, isso tem encarecido os imóveis, empurrando unidades da Faixa 3 para a Faixa 4 do programa Minha Casa, Minha Vida, com valores próximos a R$ 400 mil.
“É difícil encontrar novos lançamentos abaixo de R$ 250 mil. A maioria dos empreendimentos econômicos está entre R$ 300 mil e R$ 350 mil”, afirma.
Fortaleza lidera no Nordeste
A capital cearense também tem um dos maiores preços médios do metro quadrado do Nordeste, superando Salvador e Recife. Apesar da queda nos lançamentos, Fortaleza mantém ou até amplia o volume de vendas, com destaque para o setor vertical. “Sem sombra de dúvida, é um dos mercados mais fortes e diversificados da região”, diz Gisele.
A pesquisa analisou 393 empreendimentos de 175 empresas em Fortaleza, Eusébio, Maracanaú, Caucaia e Aquiraz. Para Tibério Benevides, presidente do Creci-CE, o cenário é positivo, mas exige atenção à sustentabilidade dos preços. “A demanda segue forte, mas o desafio será manter o equilíbrio entre valorização e acesso ao crédito”, avalia.
A expectativa é que, no segundo semestre, com a consolidação da nova Faixa 4 do MCMV, sejam lançados novos produtos adaptados ao programa. Até lá, o mercado segue aquecido com o fôlego dos estoques e a confiança dos compradores.
