A construção civil no Brasil enfrenta atualmente um grande desafio: a escassez de mão de obra qualificada. Além do aumento nos custos dos materiais, empresas do setor relatam atrasos em obras, elevação nos gastos e dificuldade em manter a qualidade dos serviços, todos efeitos diretos da falta de profissionais experientes.
Dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) apontam que cerca de 90% das construtoras têm dificuldade para contratar trabalhadores qualificados. O problema se agrava com o envelhecimento da força de trabalho e o desinteresse das novas gerações por profissões que exigem esforço físico e capacitação técnica, segundo o SENAI e a CBIC.
O cenário é ainda mais crítico em atividades especializadas e nas etapas finais das obras, como acabamento e instalações. Um levantamento da Fundação Getulio Vargas (FGV) indica que 40% das empresas enfrentam grande dificuldade para preencher essas vagas, mesmo com oferta de salários mais altos. Ainda assim, muitos negócios do setor continuam operando com processos defasados, o que aumenta a dependência de uma mão de obra cada vez mais rara.
Como forma de resposta, algumas construtoras têm investido em treinamentos internos, parcerias com instituições de ensino técnico e realocação de trabalhadores entre regiões. No entanto, essas iniciativas ainda não são suficientes para resolver o problema de forma ampla. Os impactos sobre os cronogramas e os orçamentos continuam relevantes.
Para garantir a sustentabilidade do setor no futuro, será necessário investir na valorização profissional, melhorar as condições de trabalho e tornar as carreiras na construção mais atrativas para os jovens. Caso contrário, a escassez de mão de obra poderá comprometer o desenvolvimento e o crescimento da construção civil em todo o país.
