Fortaleza – CE | quarta-feira 5 de fevereiro de 2025 / 10:57

Construção fecha o ano com alta de confiança e pressão de custos

Com uma projeção de crescimento em 2024 de 3,2%, de acordo ao Boletim Macro do FGV IBRE de dezembro, o setor da construção fecha o ano com a confiança em alta, com 96,6 pontos. Trata-se de um acréscimo de 0,9 ponto percentual

Com uma projeção de crescimento em 2024 de 3,2%, de acordo ao Boletim Macro do FGV IBRE de dezembro, o setor da construção fecha o ano com a confiança em alta, com 96,6 pontos. Trata-se de um acréscimo de 0,9 ponto percentual (pp) em relação a novembro, e 0,6 ponto percentual acima do registrado em dezembro de 2023. É um nível que reflete pessimismo moderado, mas ainda assim considerado positivo por Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV IBRE, que dá detalhes da composição desse resultado na Sondagem da Construção deste mês. “O percentual de empresas que espera crescimento na demanda é significativamente superior ao do que esperam queda”, conta.

A principal melhora, de fato, se deu no campo das perspectivas futuras. O indicador de demanda prevista para os próximos três meses, um dos componentes que medem as expectativas dos empresários do setor, subiu 2,6 pontos em dezembro, para 100,7 pontos, entrando em terreno otimista. No caso da demanda no horizonte de seis meses, o indicador cresceu 0,4 ponto, para 94,4 pontos.

Em conversa para o Blog sobre os resultados da Sondagem da Construção de novembro (leia aqui), Castelo havia destacado o comportamento algo errático da confiança do setor no segundo semestre, traduzindo-o não como reflexo da atividade em si, mas das condições para operá-la. De fato, uma das características que mais marcaram a atividade do setor este ano foi a pressão por mão de obra, percebida pelos empresários como forte limitador dos negócios. Essa característica logo se refletiu nos preços.

De acordo ao Índice Nacional dos Custos da Construção (INCC-M) de dezembro, a inflação de mão de obra do setor fechará o ano em alta de 8,24%, folgadamente acima da projeção para o IPCA – de 4,6% de acordo ao Boletim Macro. A contribuição de materiais, equipamentos e serviços para a inflação da Construção no fechamento do ano tampouco será trivial. No acumulado de 12 meses até dezembro, esse grupo acumula alta de 5,04%. Em junho, na mesma comparação, essa expansão era de 0,85%. Com ambos os resultados, o INCC fechou o ano em 6,34%; em dezembro de 2023, esse resultado foi de 3,32%.

Outro elemento sensível para o setor, o aumento dos juros também passou a se refletir mais claramente entre as preocupações dos empresários neste final de ano, revelando o impacto que o novo ciclo de alta da Selic deverá provocar na oferta e custo do crédito.

Em dezembro, 27,9% das empresas revelaram dificuldade no acesso a crédito. Castelo destaca que, observando a evolução dessa preocupação nos últimos três anos, esse percentual de assinalações ainda pode ser considerado baixo, entre os melhores níveis observados no período, entre o final de 2022 e início de 2023. O pior momento, por sua vez, se deu em junho de 2020, quando esse quesito chegou a ter 40% de assinalações. Mas a economista também ressalta que nos últimos meses houve um aumento de indicações de problemas com crédito. Com a tendência de a taxa de juros básica da economia ficar mais altos por mais tempo, este é um farol de perspectivas mais desafiadoras para 2025, avalia.

Fonte: FGV

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