Fortaleza – CE | quarta-feira 2 de julho de 2025 / 03:03

Cooperativas na Construção Civil: Foco vai além do lucro e estimula qualidade

No cenário cada vez mais competitivo do setor da construção no Brasil, com custos aumentando acima dos reajustes de índices oficiais, a união das construtoras para a realização de compras coletivas pode ser uma tendência na estratégia para minimizar os

No cenário cada vez mais competitivo do setor da construção no Brasil, com custos aumentando acima dos reajustes de índices oficiais, a união das construtoras para a realização de compras coletivas pode ser uma tendência na estratégia para minimizar os impactos negativos da escalada de preços. Esse tema pautou debate no no primeiro dia do 98º ENIC | Engenharia & Negócios, durante o painel O que estimula as construtoras a aderirem às compras coletivas. O 98º Encontro Nacional da Indústria da Construção é realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), dentro da FEICON, com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Serviço Social da Indústria (Sesi). 

O evento ainda tem o patrocínio do Banco Oficial do ENIC e da FEICON, a Caixa Econômica Federal, do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (CREA-SP), Mútua, Sebrae Nacional, Housi, Senior, Brain, Tecverde, Softplan, Construcode, TUYA, Mtrix, Brick Up, Informakon, Predialize, ConstructIn, e Pasi. 

Organizado pela Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (COMAT) da CBIC, o debate contou com moderação de Marcos Pereira Lago, vice-presidente da Cooperativa Central da Construção Civil (Coopercon Brasi)l, e recebeu como painelistas Marcos Vital, executivo da Coopercon Alagoas; Emanuel Capistrano, presidente da Coopercon Ceará; Carlos Mattar, diretor-executivo de vendas técnicas de produtos para construção do grupo Saint-Gobain; além de Eduardo Sales Ferreira, diretor comercial de cimento técnico, concreto e agregados da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) Cimentos Brasil.

A Coopercon nasceu no Ceará há 27 anos e hoje tem filiadas cooperativas nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Sergipe. Capistrano falou sobre como a entidade cresceu nos últimos anos e sobre o potencial de crescer ainda mais. “Olhando lá para trás, sonhamos alto e vemos hoje como cresceu. Tem vários estados que ainda não entenderam a oportunidade que cooperativas trazem para construtores”, ressaltou.

Vital, representante da Coopercon Alagoas, destacou a importância das cooperativas na redução de custos e na busca por melhores preços e qualidade. Ele frisou o crescimento do movimento cooperativista na construção civil, exemplificando com números expressivos de compras intermediadas pelas cooperativas, que ultrapassam os bilhões de reais.

“O que estimula as construtoras a fazerem essas compras? A essência é reduzir custos, com melhor preço de qualidade, mas a tarefa é árdua, porque ainda não se tem a percepção de que se tivermos um grupo coeso entregamos resultado muito maior. Em 2023 foram R$ 390 milhões intermediados pelas cooperativas em 2023. Parece muito, mas é a ponta do iceberg, representa de 15% a 20%. Quando o setor enxergar o tamanho desse negócio, esses números vão explodir”, disse o executivo.

Já Carlos Mattar, do grupo Saint-Gobain, levou insights sobre o compromisso da empresa com a inovação e a busca por soluções que atendam às demandas do mercado. Ele mostrou a importância da interlocução e parceria com as cooperativas para garantir negociações mais seguras e inovadoras. Com 360 anos de fundação, o grupo está presente em 75 países e, segundo o diretor-executivo, tem o compromisso com a neutralização de carbono até 2050. No Brasil, o grupo tem 12 mil colaboradores. “Entendemos que o mercado para se desenvolver  temos que fazer de acordo com o ambiente. O que o que estimula fornecedores como a Saint Gobain a fazer parte da parceria com construtores? Maior interlocução, mais segurança em negociações e inovação”, explicou Mattar. 

O representante da CSN, Eduardo Sales, enfatizou a crença da empresa no cooperativismo e sua longa relação com a construção civil. A siderúrgica é uma multinacional com 80 anos no Brasil e até hoje é uma das maiores do país. Há cerca de 20 anos começou a produção de cimento e atualmente é a sétima fabricante do material no ranking do país. 

Ele ressaltou a necessidade de entender a estratégia por trás do cooperativismo e destacou que a cooperação deve ocorrer entre construtoras e indústrias, não apenas dentro das construtoras. “A indústria precisa ver quais ganhos vão ter nessa relação do cooperativismo além de preço. A cooperativa nós às vezes interpretamos errado. Cooperativa é um foro de cooperação das indústrias com as construtoras”, destacou Sales.

Durante o painel, foi feita uma reflexão sobre o papel das indústrias na relação com as cooperativas, evidenciando que a cooperação é benéfica para todas as partes e não deve ser encarada como uma relação de confronto. Para encerrar o debate, Marcos Lago destacou a importância da união e cooperação entre construtoras e fornecedores, enfatizando que o modelo de cooperação adotado pelas cooperativas não se trata apenas de buscar preços mais baixos, mas sim de construir uma relação sustentável e transparente, onde todos saem ganhando.

“Uma cooperativa não é uma empresa mercantil. Ao final distribui as sobras aos cooperados. Se empatar na compra e comprar bem em volume alto, as sobras justificam o empate no preço. E não é só preço, não esqueçam. O cooperado é dono de cooperativa, recebe, sobra, coloca em planilha e vai ver que houve ganho no preço do insumo. É um ‘ganha ganha’”, concluiu o moderador.

Em um momento de agradecimento e reconhecimento, cooperados e fornecedores presentes no painel no ENIC expressaram gratidão pelos resultados alcançados através do trabalho conjunto das cooperativas.

Esse tema tem interface com o projeto “Inteligência e Estratégia para o Futuro da Construção”, da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (COMAT) da CBIC, com a correalização com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

Fonte: Cbic

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