O varejo de materiais de construção apresentou sinais de desaceleração em abril de 2025, de acordo com a mais recente edição do Termômetro JS+ Anamaco. O estudo, realizado pela vertical de inteligência do programa Juntos Somos Mais, em parceria com a Anamaco (Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção), revelou que diminuiu o percentual de lojas com percepção de crescimento nas vendas, comparado a março.
O levantamento aponta que 53% das lojas perceberam estabilidade nas vendas em abril, enquanto o número de estabelecimentos que relataram crescimento foi superado pelos que sentiram queda, especialmente no Sudeste, que registrou uma diferença negativa de 4 pontos percentuais (19% de crescimento vs. 23% de retração).
Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste mostram desempenho mais positivo
Apesar da retração nacional, algumas regiões ainda se destacaram positivamente. O Norte, Nordeste e Centro-Oeste tiveram diferenças favoráveis entre crescimento e queda, com 21%, 18% e 20%, respectivamente. Isso indica maior resiliência dessas áreas frente ao cenário nacional mais desafiador.
No entanto, quando se compara abril de 2025 com o mesmo mês de 2024, todas as regiões apresentaram retração. O Sudeste, mais uma vez, teve o pior desempenho, com uma diferença de -27% (apenas 19% das lojas relataram crescimento em 2025 contra 46% no ano anterior). No cenário nacional, a retração foi de -19%.
Expectativas futuras e impacto da inflação
O estudo revelou que a expectativa de crescimento das vendas nos próximos três meses diminuiu. Apenas 35% das lojas esperam alta, enquanto 48% preveem estabilidade e 17% projetam queda. As lojas focadas em materiais elétricos são as mais otimistas, com 55% dos lojistas prevendo aumento nas vendas no curto prazo.
Por outro lado, o aumento de 0,5% nos preços dos materiais pode ter contribuído para o desempenho mais fraco, junto ao crescimento do endividamento das famílias e à desaceleração do IPCA, conforme apontado no relatório.
Além disso, o sell-in (vendas da indústria para o varejo) caiu levemente em abril frente a março, e os preços do setor subiram 1,1% no mês, reforçando o cenário de pressão sobre o consumo.
Pessimismo com o governo cresce
Desde fevereiro, o otimismo quanto às ações do governo federal nos próximos 12 meses vem diminuindo, e o pessimismo atingiu 38% dos lojistas, segundo o Termômetro. Esse número indica uma mudança relevante de percepção do mercado, que pode influenciar nas decisões de investimento e reposição de estoque nos próximos meses.
Em resumo, o estudo mostra que, apesar de algumas regiões manterem bom desempenho, o varejo da construção civil vive um momento de cautela, com expectativas mais baixas e crescentes preocupações com a economia e políticas públicas.