Fortaleza – CE | quinta-feira 8 de maio de 2025 / 08:43

Vendas na construção civil crescem 17%, mas juros altos freiam lançamentos, diz CBIC

Setor aposta no Minha Casa, Minha Vida para classe média como alternativa diante da alta da Selic

A construção civil registrou um aumento de 17% nas vendas de apartamentos no primeiro bimestre de 2025, mas os lançamentos recuaram 7% no mesmo período. Os dados fazem parte do relatório Desempenho da Construção Civil no 1º trimestre de 2025, divulgado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

O recuo nos lançamentos reflete a cautela do setor diante da taxa Selic, mantida em 14,25% ao ano — a mais alta desde 2016. A expectativa é de que o índice suba mais 0,5 ponto percentual após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorre no mesmo dia da divulgação do relatório.

Outro dado preocupante é o Índice de Confiança do Empresário da Construção, que encerrou abril em 47,2 pontos, o menor nível desde julho de 2020. A CBIC destaca que a alta nos juros dificulta o acesso ao crédito e compromete a viabilidade de novos projetos, principalmente na habitação de interesse social.

“As dificuldades de crédito que a alta taxa de juros impõe e a elevação dos custos comprometem a viabilidade de projetos, afetam o equilíbrio econômico-financeiro das obras e dificultam o planejamento de novos empreendimentos”, afirma Renato Correia, presidente da CBIC.

A elevação dos juros também impacta a captação da caderneta de poupança (SBPE), que teve uma saída líquida de R$ 34,6 bilhões no primeiro trimestre — superando toda a perda registrada em 2024. Segundo Ieda Vasconcelos, economista-chefe da CBIC, isso compromete uma das principais fontes de crédito imobiliário no país.

Como resposta ao cenário, o setor aposta no lançamento do Minha Casa, Minha Vida Classe Média, que permitirá o financiamento de imóveis com subsídios e juros menores para famílias com renda entre R$ 8 mil e R$ 12 mil. “É um sopro de esperança diante de um cenário tão desgastante com a taxa de juros num patamar tão alto”, afirma Ieda.

Mesmo diante das dificuldades, o setor continua gerando empregos: foram 100 mil novas vagas com carteira assinada no primeiro trimestre, com salário médio de admissão de R$ 2.420,97 — o maior do país, segundo a CBIC.

A produção de insumos subiu 4,9%, e as vendas no varejo de materiais de construção cresceram 6,7%, demonstrando resiliência do setor. No entanto, os custos continuam pressionando: o INCC acumulou alta de 7,54% em 12 meses, puxado por aumentos de 9,96% na mão de obra e 6,09% em materiais e equipamentos.

Ainda assim, a CBIC mantém uma projeção de crescimento de 2,3% para a construção civil em 2025, com expectativa de que a nova faixa do programa habitacional contribua positivamente para o desempenho do setor.

Fonte: Redação

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