Fortaleza – CE | sábado 2 de agosto de 2025 / 17:56

Construção civil é desafiada a adotar práticas sustentáveis no descarte de resíduos

Setor ainda descarta mais de 60% dos resíduos de forma irregular; separação e reaproveitamento de plásticos viram pauta urgente para a economia circular

Durante o Julho Sem Plástico, a construção civil brasileira está sendo chamada a repensar o destino dos materiais plásticos utilizados em obras. Embora indispensáveis para a estrutura e segurança dos canteiros — como tubulações de PVC, caixas d’água de polietileno, EPS, conduítes e impermeabilizantes — esses itens continuam sendo tratados como lixo comum no pós-obra, gerando poluição e desperdício de materiais que têm alto potencial de reuso.

Reciclagem ainda é exceção no setor

Segundo a Pesquisa Setorial 2024 da Abrecon (Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição), o Brasil gera mais de 106 milhões de toneladas de resíduos da construção civil por ano. No entanto:

  • Apenas 25% desses resíduos são reciclados

  • Cerca de 30% a 40% têm destinação adequada

  • Mais de 60% ainda são descartados de forma clandestina, frequentemente com plásticos misturados

Para Rafael Teixeira, especialista em reciclagem e logística de resíduos da Abrecon, o problema vai além do volume:

“Quando os plásticos são misturados ao entulho, perdem valor de reuso. Isso gera impacto ambiental e desperdício econômico. A responsabilidade deve ser compartilhada entre construtoras, transportadores e poder público”, afirma.

Impacto dos microplásticos e o papel do pós-obra

O descarte inadequado transforma o plástico em um passivo ambiental duradouro. Com o tempo, muitos desses materiais se degradam em microplásticos, que já foram encontrados em rios, oceanos, alimentos e até no corpo humano.

“O setor evoluiu na gestão da obra, mas ainda engatinha no pós-obra. Rastrear, separar e valorizar os resíduos plásticos é urgente”, reforça Teixeira.

Economia circular na prática

A Abrecon propõe ações concretas para promover a economia circular no setor da construção, com foco especial na gestão dos resíduos plásticos:

  • Separação e triagem de resíduos diretamente nos canteiros

  • Capacitação das equipes para identificar e encaminhar corretamente os materiais

  • Parcerias com recicladoras e cooperativas

  • Incentivo ao uso de materiais reciclados em novas obras

  • Fiscalização sobre transporte e descarte dos resíduos da construção civil (RCD)

“O plástico é um aliado da construção moderna. Mas sem políticas claras de destinação, ele se torna vilão. Sustentabilidade também é decidir o fim que o material terá”, conclui o especialista.

A campanha Julho Sem Plástico serve como alerta e convite para que o setor da construção civil assuma responsabilidade ambiental real, colocando em prática soluções que já estão ao alcance e que impactam diretamente o futuro das cidades e do planeta.

Fonte: Redação

PUBLICIDADE