Fortaleza – CE | quinta-feira 24 de abril de 2025 / 00:33

Queda na taxa de inovação industrial brasileira em 2023, revela IBGE

Pesquisa aponta redução no percentual de empresas que inovaram, com destaque para desafios econômicos e tecnológicos

A inovação na indústria brasileira registrou um recuo em 2023, segundo dados da Pesquisa de Inovação (Pintec), divulgados nesta quinta-feira (20) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apenas 64,6% das empresas implementaram inovações em produtos ou processos no ano passado, uma queda significativa em relação a 2022 (68,1%) e 2021 (70,5%). A Pintec é realizada em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

“A definição de empresa inovadora inclui aquelas que lançaram produtos novos ou substancialmente aprimorados, ou que adotaram processos de negócios inovadores. Observamos uma tendência de queda desde 2021”, explicou Flávio José Marques Peixoto, pesquisador do IBGE.

Porte das empresas influencia na capacidade de inovar

O levantamento mostrou que a taxa de inovação está diretamente ligada ao porte das empresas. Em 2023, 73,6% das empresas com mais de 500 funcionários foram consideradas inovadoras, enquanto o percentual caiu para 70,8% entre as empresas de médio porte (250 a 499 funcionários) e para 59,3% nas empresas com 100 a 249 empregados.

Quanto aos tipos de inovação, 34,4% das empresas investiram tanto em produtos quanto em processos de negócios, enquanto 16,6% focaram apenas em processos e 13,6% apenas em produtos. No caso dos produtos inovadores, 68% eram novidades apenas para a própria empresa, 27,6% eram inéditos no mercado nacional e apenas 4,4% representavam inovações globais.

Já os processos de negócios inovadores se concentraram em áreas como organização do trabalho (31,7%), produção de bens ou serviços (29,4%), marketing (27,9%) e tecnologia da informação (27,6%).

Cooperação e apoio público para inovar

Entre as empresas inovadoras, 32,9% relataram ter cooperado com outras organizações para desenvolver suas inovações. Os principais parceiros foram fornecedores (27,1%), consultores (22,3%) e clientes (20,2%). Outros colaboradores incluíram infraestruturas de ciência e tecnologia (19,9%), start-ups (9,9%) e até mesmo concorrentes (3,2%).

Apesar disso, 47,6% das empresas inovadoras enfrentaram dificuldades no processo de inovação, embora esse índice seja inferior aos 47,9% de 2022 e aos 59,1% de 2021. Os principais obstáculos citados foram instabilidade econômica (44,2%), recursos internos limitados (42,1%) e aumento da concorrência (41,4%). Entre as empresas não inovadoras, 21,7% mencionaram problemas, com destaque para a instabilidade econômica (21,2%) e a baixa atratividade da demanda (19,2%).

Em relação ao apoio público, 36,3% das empresas inovadoras utilizaram algum tipo de incentivo, abaixo dos 39% registrados em 2022. O principal instrumento foi o incentivo fiscal à pesquisa e desenvolvimento (P&D), utilizado por 26,4% das empresas. Outros recursos incluíram financiamentos exclusivos para máquinas e equipamentos (10,5%) e projetos de P&D (6,5%).

“Embora haja interesse em utilizar apoio público, muitas empresas inovadoras não conseguem acessar esses recursos. O incentivo fiscal à P&D, por exemplo, foi o mais procurado, mas ainda há barreiras para sua implementação”, destacou Peixoto.

Pesquisa e desenvolvimento: avanços e desafios

A pesquisa também avaliou o investimento em P&D pelas indústrias. Em 2023, 34,3% das empresas realizaram atividades de P&D, praticamente estável em relação a 2022 (34,4%), mas acima de 2021 (33,9%).

Os setores com maior participação em P&D foram farmoquímica e farmacêutica (67,8%), equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos (66,9%) e produtos químicos (63%). Por outro lado, segmentos como couro, artigos de viagem e calçados (15,6%) e produtos têxteis (14,3%) apresentaram menor engajamento.

Das empresas inovadoras, 53,1% investiram em P&D em 2023, um aumento em relação a 2022 (50,6%) e 2021 (48,1%). Para 2024, 59,1% planejam manter seus investimentos, enquanto 37,4% pretendem aumentá-los. Já para 2025, 49,1% esperam ampliar seus dispêndios, e 48,8% mantê-los.

Embora o cenário atual mostre desafios, como instabilidade econômica e limitações tecnológicas, as expectativas das empresas inovadoras indicam um esforço contínuo para superar essas barreiras. O fortalecimento de políticas públicas e o aumento do acesso a incentivos fiscais podem ser fundamentais para reverter a tendência de queda na inovação industrial no Brasil.

Fonte: Redação

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