Conheça os procedimentos para lavagem de equipamentos nas obras

O tipo e a frequência da limpeza variam. Bombas e betoneiras de concreto precisam de lavagem diária. Já em tratores de esteiras de aterros sanitários deve ser semanal

Os procedimentos para lavagem de equipamentos no canteiro de obras vão muito além de questões como higiene e aspecto visual. O objetivo é, sobretudo, proteger os componentes da máquina, que precisam estar limpos para serem inspecionados pelo operador. Os pinos, buchas e mangueiras devem ser averiguados diariamente em equipamentos que trabalham, por exemplo, em obras de terraplenagem, concretagem, fazem operações em aterros sanitários, canaviais ou mineração (ou seja, locais onde há muito contato com barro).

Cada equipamento requer um procedimento diferenciado para limpeza. Os equipamentos de concreto, como bombas, betoneiras e caminhões betoneiras, requerem maior cuidado para que o material não seque dentro dos tambores ou na tubulação dos mastros. Assim, precisam de lavagem diária.

Nas máquinas de esteiras, como escavadeiras, tratores de esteiras e perfuratrizes, quando ocorre acúmulo de material nos componentes, as esteiras podem se tornar tão duras quanto os próprios componentes, tornando-se uma lixa abrasiva. Em razão disso, a limpeza regular do material rodante reduz os efeitos do acúmulo de sujeira e aumenta a vida útil dos componentes.

LINHA AMARELA

De acordo com Edivaldo Freitas, da engenharia de suprimentos da Odebrecht, é importante lavar os equipamentos de linha amarela regularmente, com produtos convencionais, especialmente quando são realizadas tarefas de escavação ou transporte de material coesivo e úmido. “Quando os solos são umedecidos por caminhões espargidores de água para diminuir a poeira, ou em dias de chuva, o barro se prende ao chassi, eixos, freios, suspensão, motores e à transmissão, contribuindo para o surgimento de ferrugem e corrosão, além de funcionar como um isolante térmico, dificultando a troca de calor dos componentes com o meio ambiente”, exemplifica.

Ele detalha que pode ser utilizada uma pá para limpar a área compreendida entre a armação das esteiras e a parte superior dos elos e as sapatas. “Em seguida, deve ser usada água para remover a sujeira remanescente”, acrescenta.

Além do barro, outros fatores podem causar danos aos componentes. Os equipamentos que trabalham na indústria madeireira, ou fazem manuseio de cavacos, cereais e ração animal, por exemplo, estão expostos a ambientes poeirentos e de fácil combustão, exigindo inspeção diária e limpeza do compartimento do motor e áreas adjacentes.

ATERROS SANITÁRIOS E ÁREAS AGRÍCOLAS

É preciso implantar uma rotina de limpeza para os tratores de esteiras que trabalham nos montes de lixo de aterros sanitários, se possível lavando-os semanalmente para retirar lixo preso, principalmente resíduos plásticos que grudam e esquentam as peças. Na parte inferior do trator, onde há contato com o lixo, geralmente são soldadas barras de desgaste, que são substituídas quando há necessidade. Essas proteções evitam avarias como perfuração por vergalhões e contato direto de chorume com componentes internos da máquina.

O diretor da Escad Rental, Eurimilson Daniel, lembra que os equipamentos que trabalham no agronegócio, com defensivos agrícolas, fertilizantes, ou movimentação de palha de cana em usinas, também exigem cuidado especial com a limpeza. “No trabalho com defensivos e fertilizantes, as máquinas precisam estar com caixa eletrônica blindada para evitar danos aos componentes”, diz ele.

Já nas operações de movimentação de palha de cana é preciso cuidado, porque trata-se de um material seco, que esquenta fácil em contato com o motor. “As pás carregadeiras precisam ser limpas diariamente, além de utilizar caçambas maiores e kit de proteção”, explica. De acordo com ele, dois pontos precisam ser mantidos limpos constantemente nos equipamentos de linha amarela: o radiador e o filtro de ar, que devem ser substituídos periodicamente.

LAVAGEM DE CAMINHÕES

limpeza dos caminhões é necessária para possibilitar boa inspeção visual, detectar vazamentos, trincas, parafusos e conexões soltas. De acordo com Edivaldo Freitas, da engenharia de suprimentos da Odebrecht, é ideal lavar os caminhões frequentemente, utilizando esponja bem molhada em solução com água e sabão. A lavagem deve começar de cima para baixo, espremendo a esponja para livrá-la da poeira e evitar arranhões na pintura.

“A lavagem dos caminhões nunca deve ser feita ao sol, nem quando a carroceria estiver quente”, alerta Freitas. Antes de usar produtos químicos na água, é importante se certificar de que eles não são prejudiciais à pintura. “As guarnições de borracha e palhetas do limpador do para-brisa devem ser limpas somente com água e sabão neutro, porque os solventes, benzina e álcool são prejudiciais à borracha”, informa.

De acordo com ele, as rodas devem ser lavadas frequentemente com água e sabão neutro, nunca com produtos abrasivos ou esponja de fios de aço, os quais podem afetar o acabamento.

LAVAGEM DE CAMINHÃO BETONEIRA

O procedimento para lavagem de betoneiras é voltado, principalmente, para a limpeza do tambor, evitando a formação de incrustações de cimento perto das aletas. Freitas, da Odebrecht, aconselha a lavagem interna do tambor diariamente, para evitar que o concreto se acumule, fique sedimentado e se concentre em um único ponto dentro do tambor. “Isso pode fazê-lo perder balanceamento e sobrecarregar o redutor”, explica.

Para realizar a limpeza do tambor, Freitas aconselha que seja carregado um pouco de pedra junto com água para melhor desagregar o concreto dentro do tambor. Ao terminar a lavagem, deve ser invertida a rotação do tambor e descarregada a água.

Além da lavagem do tambor do caminhão betoneira, é preciso limpar o concreto impregnado em toda parte do equipamento, seja na calha de transporte de material ou no chassi. Para isso, o equipamento deve ser deslocado até uma rampa de lavagem, onde é feita a remoção de todos os detritos, diariamente.

CUIDADOS AMBIENTAIS

De acordo com Eurimilson Daniel, da Escad Rental, em 90% dos procedimentos de lavagem os equipamentos são retirados do canteiro ou da região onde trabalham e conduzidos para locais apropriados. “A locadora substitui o equipamento na obra, levando para garagens com lavadoras ecologicamente corretas e separador de óleo e água. Quando o canteiro possui esse espaço de lavagem, a concorrência é grande e as locadoras quase não têm vez”, justifica Daniel.

Na obra, geralmente as condições não são favoráveis para a lavagem completa, apenas para limpezas triviais diárias. “São utilizados fraldões ou bandejas posicionadas embaixo do equipamento, para aparar qualquer resíduo que por acidente seja derramado”, explica Daniel.

Edivaldo Freitas, da Odebrecht, acrescenta que os resíduos sólidos e líquidos gerados pelas betoneiras e autobetoneiras são classificados como perigosos pelas agências ambientais, portanto devem receber tratamento adequado. Boa parte desses resíduos é gerada pela lavagem do tambor, e uma das alternativas é o reúso desse material. “Por isso, a lavagem do tambor deve ser feita com o concreto ainda em seu estado fresco, de modo a permitir a recuperação dos agregados naturais para reutilização”, explica.

PASSO A PASSO DA LAVAGEM

  • Utilizar água quente e/ou água e sabão neutro.
  • A limpeza é efetuada mais adequadamente após o turno de trabalho, antes de estacionar a máquina.
  • A saída de escape deve ser tamponada.
  • Utilizar equipamentos de proteção individual como óculos, luvas e máscara respiratória.
  • A temperatura da água não pode ultrapassar 60°C.
  • Se for usada lavagem com alta pressão, é necessário cuidado especial.
  • Use uma esponja macia para retirar o barro impregnado.
  • Termine enxaguando toda a máquina apenas com água.
  • Após a lavagem, o equipamento deve ser lubrificado.