Fortaleza deverá ganhar mil apartamentos compactos em 2020

Com ambientes integrados e até 45 metros quadrados, os imóveis de menor porte são a aposta do mercado imobiliário, neste ano, para atender pessoas que não precisam de muito espaço, mas que buscam boa localização

companhando a retomada do setor imobiliário ao longo de 2019, o segmento de imóveis compactos (com até 45m² de área) ganhou espaço no mercado de Fortaleza. Para este ano, a expectativa é que sejam lançadas cerca de 1.000 unidades, localizadas principalmente nos bairros do Meireles, Aldeota, Cocó, Guararapes e Luciano Cavalcante, segundo o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Ceará (Creci-CE), Tibério Benevides.

“Acredito que o mercado será muito bom para os compactos”, ele diz. Caracterizado pelos ambientes integrados, com até dois quartos e sem dependência de empregada, esse perfil de imóvel, voltado para a classe média, atrai principalmente pessoas solteiras, recém-casados, casais sem filhos, e idosos, além de investidores. “Esse segmento já é uma tendência nos grandes centros. O apartamento se torna mais barato pelo tamanho, mas o prédio oferece muito mais serviços, como lavanderias industriais, lojas de conveniência. E, em geral, esses apartamentos são bem localizados, facilitando o deslocamento a pé”, diz Benevides.

Segundo Benevides, neste ano Fortaleza receberá os primeiros compactos de 25m², no Meireles. “No Cocó, nós já temos apartamentos de 37m² e 41m². No Luciano Cavalcante, também teremos unidades de 37m² e 41m². E na Padre Antônio Tomás serão lançados apartamentos de 27m²”, diz o presidente do Creci-CE.

Com o reaquecimento do mercado, o setor da construção civil vem focando em produtos voltados para o nicho de compactos. “As pessoas querem morar mais perto do trabalho, querem estar mais próximas das áreas mais valorizadas da cidade e para caber no bolso tem que ter um apartamento menor”, diz o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Ceará (Sinduscon-CE), Patriolino Dias.

“As construtoras estão desenvolvendo seus produtos para esses compactos. São apartamentos, de 35m², de 40m², com suíte completa e sala. Mas há também modelo com dois quartos”.

O presidente do Sinduscon diz ainda que, neste segmento, um dos pontos mais importantes, além da localização do empreendimento, é a qualidade das áreas comuns, unindo lazer e serviços para os moradores. “No ano passado, foram poucos lançamentos desse tipo de apartamento em Fortaleza. Mas existe uma boa procura, principalmente nas áreas mais demandadas, como Meireles, Aldeota e Guararapes, em função das universidades”, afirma Dias.

Patriolino destaca, também, que esse perfil de imóvel acaba atraindo investidores que buscam obter uma renda extra a partir de aluguéis.

Legislação

Comum em grandes centros urbanos, como Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo, o segmento de compactos passou a se desenvolver em Fortaleza após a sanção, no fim de 2017, da Lei da Fração do Lote, que permite a construção de um maior número de unidades habitacionais em um mesmo terreno. “Isso permitiu que nós pudéssemos otimizar a área construída em alguns bairros da cidade”, explica Patriolino. Quando a nova lei foi aprovada, a expectativa do Sinduscon era que a medida gerasse cerca de R$ 800 mil em novos negócios.

Expectativa para 2020

Considerando todo o mercado de imóveis do Ceará, o número de unidades financiadas com recursos da poupança cresceu 7%, de janeiro a novembro de 2019, na comparação com igual período de 2018. No total, foram 4.670 unidades financiadas, totalizando R$ 1,163 bilhão, volume 0,13% superior do ano anterior. Os dados são da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

“O que ocorre é que, no ano passado, foram financiados mais imóveis do Minha Casa Minha Vida (MCMV), que têm um valor melhor, por isso o crescimento no número de unidades não foi seguido pelo volume financiado”, diz André Montenegro, empresário do setor da construção civil.

Para 2020, Montenegro, que também é vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), está otimista com o desempenho da indústria da construção civil, que deve acompanhar a evolução da atividade econômica do País.

“A gente espera uma melhora na economia, e o ano deve ser muito bom. Os juros baixaram, e as pessoas estão mais confiantes, assim como os empresários. E, como é um ano de eleição, o poder público gasta mais e haverá mais dinheiro circulando. Tudo isso favorece”, avalia Montenegro.

Crédito

A queda da taxa de juros deverá ser um dos principais motores do setor imobiliário em 2020. A Caixa, por exemplo, deve lançar em março uma linha de crédito para financiamento de imóveis com juro prefixado. Esta será a terceira modalidade de crédito da instituição financeira. Hoje, são oferecidas duas linhas de crédito pós-fixadas, corrigidas pela Taxa Referencial (TR) ou pelo índice oficial de inflação, o IPCA. As condições desse tipo de financiamento ainda não foram definidas, mas devem ter o prazo de 30 a 35 anos.

A avaliação da Caixa é que as condições atuais, com a Selic na mínima histórica, a 4,5% ao ano, e a inflação próxima de 4%, favorecem as linhas de financiamento. Inicialmente, a expectativa, agora, é que os outros bancos também ofertem taxas semelhantes nos modelos pré e pós-fixados.

Fonte: diariodonordeste